voltar ao menu de textos |
A formação inicial de professores de artes é uma matéria muito importante na área da educação A formação inicial de professores de artes é uma matéria muito importante na área da educação artística e os vários autores que colaboraram neste livro apontam caminhos de exploração novos e ousados. Na introdução escrita por Ana Mae Barbosa salienta-se a sua importância. Ana Mae descreve um relato muito especial dos Cursos de Aperfeiçoamento em Arte/Educação que coordenou de 2000 a 2002 no NACE-NUPAE da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de S. Paulo, foi um curso pioneiro e as reflexões de Ana Mae sobre ele são extremamente marcantes. Como aliás é marcante a posição de Ana Mae na arte educação, não só no Brasil como noutros países, com o seu conceito bem fundamentado da ‘abordagem triangular’ ela influenciou inúmeros investigadores e arte educadores abrindo horizontes mais vastos para a educação artística. Maria Beatriz de Medeiros escreve um pequeno ensaio sobre a Estética do focando objectos visuais quotidianos que são veiculados pelos mass media, para ela é necessário conhecer a técnica que está por detrás desses objectos visuais Para poder compreender e criticar. Elisa Lop escreve um artigo muito interessante abordando um exemplo de multiculturalismo no ensino das artes visuais, através dos trabalhos realizados por três alunas suas. Gostei muito deste artigo porque as narrativas pessoais das alunas eram muito sensíveis e a forma como o curso deu valor a elas veio de encontro à minha opinião de que as vivências pessoais, as memórias e as expectativas são matéria-prima para desenvolver aprendizagens. Raimundo Martins escreve um capítulo mais ‘pesado’ no sentido em que aborda educação e poder, visualidade e poder, visualidade e educação, focando interacções, causas e efeitos e chamando á atenção do leitor para a importância da abordagem da cultura visual, apelando para que os educadores e as universidades enfrentem o desafio da condição da visualidade contemporânea Teresinha Sueli Franz no seu capitulo aborda o tema educar para uma compreensão crítica da arte, ela descreve um projecto que me pareceu muito interessante porque ilustra os diferentes âmbitos de compreensão da obra de arte, trata-se de uma série de entrevistas sobre a leitura da obra: ‘ Primeira Missa’ de Victor Meirelles, Teresinha tem-se debruçado sobre a obra deste pintor á vários anos, a amostra dos entrevistados incluía alunos da faculdade de Belas Artes de Barcelona, educadores e profissionais do museu Victor Meirelles e um grupo de indígenas da tribo Paraxó de Coroa Vermelha, os resultados da pesquisa foram já publicados num livro, mas neste texto Teresinha faz um resumo deles e, para mim, que não li o livro foi muito bem ver como diferentes olhares fazem diferentes leituras e segundo como se podem fazer revisões críticas do colonialismo a partir desses olhares e terceiro como é difícil alguém, mesmo perito em arte, ter uma compreensão completa da obra. Ainda sobre obras de arte, mas desta vez história da arte, Edir Lúcia Bisognin reflecte sobre abordagens metodológicas em educação artística e no ensino da história de arte, que é parte integrante da primeira. Para Edir uma abordagem possível para o professor de história da arte é a de trabalhar com espírito crítico, reflexivo e avaliativo. O livro inclui também o tema das novas tecnologias na arte educação. Nageli Raguzzoni Teixeira aborda a educação e mídia na sala de aula, como espaço de significações, ela salienta a carência de metodologias para trabalhar a leitura de imagens na formação de professores, sobretudo as imagens provenientes dos mídia, refere as possibilidades educativas dessas imagens e a dificuldade que existe em interpretá-las. Ayrton Dutra Corrêa e Simone Witt Matté abordam o universo das tecnologias digitais e o ensino das artes e de como as novas tecnologias da comunicação criam novos espaços topológicos de amostragem. O livro
termina com o capítulo escrito por Ivana Maria Nicola Lopes e Victor
Hugo Guimarães Rodrigues sobre o despertar das sensibilidades na formação
de professores de artes, este artigo tocou-me muito porque os autores
focaram aspectos da educação e da ‘boa educação’ que nós professores
portugueses sentimos particularmente ao vermos cada vez mais indisciplina
e falta de respeito nos jovens, as pequenas sensibilidades são feitas
de palavras também, de ‘faz favor’, de ‘desculpe’ e essas palavras são
cada vez menos usadas pelos nossos alunos. O artigo foca o papel das
artes como um caminho entre outros para despertar sensibilidades e apela
para visões plurais, respeito pela diferença que podem ser conseguidas
através da educação estética. Acredito
que vale a pena ler o livro e pensar sobre o que os autores propõem
ou ilustram, ele apresenta o professor como alguém criativo e reflexivo,
alguém capaz de levantar questões e de se adaptar às mudanças do seu
tempo. Algumas questões aqui levantadas são um bom ponto de partida
para todos nós.
Revista Digital Art& - ISSN 1806-2962 - Ano IV - Número 06 - Outubro de 2006 - Webmaster - Todos os Direitos Reservados OBS: Os textos publicados na Revista Art& só podem ser reproduzidos com autorização POR ESCRITO dos editores. |